DEDO APONTADO AO DESTINO

E o morto, assassinou-me ao vivo

Sufocando-me com a mortalha do meu rosto

Partiu combativo por cima de meus pés

Cobrindo-me de viés com jeito histriônico

Quis levar-me o corpo indeciso, incontido

De tentar manter o dedo apontado ao destino,

De perpetuar-se aos caminhos dos descaminhos

Dos passos solavancos, semi-humanos

Que o morto abandonou ao crivo dos anos...

Prontificou-me os estragos, as dívidas

O maldito morto desfez-me os planos

Condenou-me aos enganos da memória

Morto, cadáver novo, de pouca história

Buscando em meio à vida, iludir-me

De que morrer seria glória maior

Do que continuar a respirar em meu canto

Mesmo sem ter uma vida feliz