VIAGEM ADIADA

E o tempo que não passa

Pára na chuva em corredeira

Que bate, amassa gotas inteiras

A escorrerem em lágrimas à vidraça

E morrem rejuntadas à soleira

Estaciona aos olhos da mente, um trem

Com maquinista, cobrador, sem ninguém

A habitar as cadeiras, as cabines...

Uma máquina de sonho a vapor

Somente para me levar

Por onde eu pudesse ou quisesse...

Mas o tempo não passa

E a chuva empoça a vida por besteira

E a umidade sem pressa intumesce o ar...