ESTRELA MAGA
Sinto-me, a cada dia,
mais próxima da terra a que me devo.
Só o sol me guia agora ao regresso,
dia a dia,
iludindo-me a lentidão dos passos...
Aprendi da transportação a ironia:
respirando o compasso,
sigo imóvel cá dentro,
na aparente estabilidade
da minha cápsula temporal.
Mas lá fora
a velocidade devora-me a paisagem...
e não é ela que corre,
não é ela...
pouca-terra,
pouca-terra...
E, do alto,
a minha estrela,
seguindo-me de perto,
fingida de sol quieto,
guia-me ao encontro
do meu ponto cardeal...
É tarde.
Não tarda o dia,
a minha estrela parará,
no ponto exacto da minha geografia,
lá,
onde acaba a minha história
e regresso à memória
da minha terra natal...