Auto-terrorismo

Tem dias que acordo como se tudo o que tenho fosse falso.

A casa, o carro, o amor da mulher amada.

Um turbilhão de idéias me assombra, tingindo de cinza o céu azul imaculado.

Tenho medo deste outro que habita meu corpo

Um anti Eu, antítese do meu ego

Que surge sem se anunciar, contestador, negativo e sinistro

Violando e envenenando meus sentimentos

Olho-me no espelho e o vejo claramente

Risonho e zombeteiro, o palhaço negro

Cria das minhas angústias e medos

Alimentado pelo meu fatalismo e insegurança

Hoje mais um dia de batalha, onde mais uma vez

Enfrentarei meu duplo, na esperança de enfim

Derrotar para sempre o eu que Eu não quero ser.