Merecimento

Merecimento

É este serviço que me consome

Não some nem finda

Todo desmerecimento que eu recebo

Pelo suor e sangue; Trabalho

Transmitir o que sei

E mentir muito do que se vê

Essa é minha falta

Também minha agridoce tarefa

Que tanto me causa antes de dormir

Sofressor é amor e sina

Professar é mentir envolto em aura

E olhos brilhantes te acompanham

Ora inspiram sabedoria, ora mais uma mentira

Sabem...

Lá fora tudo é tão diferente...

As pessoas se falam por se odiar

Isto é a relação da sociologia

Os fortes, vencedores e assassinos

Ditam o que é história

E eu minto, sim, ao dizer que essa é a língua “certa”

O certo é o dizer e o sentir

A gramática era e erra a fala do burguês do porvir

Sabedoria é um bolso cheio

Ignorância é essa casa vazia

A língua estrangeira por mero saber?

Pura imposição externa

Não nos conhecem

Nossa língua não nos aproxima

Nossas línguas não se aproximam mais

Não há amor

Veja quão absurdo é...

Julga isso ofensa?

Às matérias, assuntos e temas

Que trato verdadeiramente como filhas

Partes de mim

Meu braço e perna

Que conheço tão bem...

Conhecia no verbo correto

Foram amputadas de mim

Não reconheço nas novas

O membro fantasma que aqui ficou

Peça mais

De certo lhe aconselho

Anseie e deseje

Para só então odiar

Reclamar de tudo...

E faça como eu...

Tudo faça e

Nada faça...

É assim o certo?

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 20/09/2010
Código do texto: T2509108