Merecimento
Merecimento
É este serviço que me consome
Não some nem finda
Todo desmerecimento que eu recebo
Pelo suor e sangue; Trabalho
Transmitir o que sei
E mentir muito do que se vê
Essa é minha falta
Também minha agridoce tarefa
Que tanto me causa antes de dormir
Sofressor é amor e sina
Professar é mentir envolto em aura
E olhos brilhantes te acompanham
Ora inspiram sabedoria, ora mais uma mentira
Sabem...
Lá fora tudo é tão diferente...
As pessoas se falam por se odiar
Isto é a relação da sociologia
Os fortes, vencedores e assassinos
Ditam o que é história
E eu minto, sim, ao dizer que essa é a língua “certa”
O certo é o dizer e o sentir
A gramática era e erra a fala do burguês do porvir
Sabedoria é um bolso cheio
Ignorância é essa casa vazia
A língua estrangeira por mero saber?
Pura imposição externa
Não nos conhecem
Nossa língua não nos aproxima
Nossas línguas não se aproximam mais
Não há amor
Veja quão absurdo é...
Julga isso ofensa?
Às matérias, assuntos e temas
Que trato verdadeiramente como filhas
Partes de mim
Meu braço e perna
Que conheço tão bem...
Conhecia no verbo correto
Foram amputadas de mim
Não reconheço nas novas
O membro fantasma que aqui ficou
Peça mais
De certo lhe aconselho
Anseie e deseje
Para só então odiar
Reclamar de tudo...
E faça como eu...
Tudo faça e
Nada faça...
É assim o certo?