PRECISO IR PARA OS LADOS! PARA OS LADOS!
As ruas sujas emporcalham a vidraça de minha casamata.
Ainda tem a fumaça pegajosa dos carros,
A poeira penetrante das construções circunvizinhas,
Os pedestres desavisados pisoteando o canteiro,
Os adolescentes ziguezagueando, debochados,
Gritando o tempo inteiro como adultos retardados...
Correm os envelopes por debaixo da porta. Pouco me importo, de fato...
Mantenho-me desinteressado deste processo vago, autodestrutivo.
São os dissabores da visão a que fui levado, mesmo sem sair daqui...
Fui devidamente retalhado e concretado dentre estas parcas paredes.
Pior que aprecio esta imobilidade rebaixada de gesso aparente,
As mazelas da boca-de-siri... Estou saudavelmente doente, bem sei.
Doente de não mais querer mostrar a cara deslavada nesta vida insípida
Em que as portas são beges e os elevadores descem e sobem.
Preciso ir para os lados, para os lados! Só vejo ascensoristas esnobes.