DOU DE OMBROS

Dou de Ombros

Jorge Linhaça

Dou de ombros às farsas eternizadas

À manipulação da "consciência coletiva"

Que se dane o " politicamente correto"

Sou poeta, não uso "cartas marcadas"

Grito o que penso, as dores mais vivas,

Sou muitas vezes "direto e reto"

A minha poesia reflete a paisagem

As minhas crônicas os fatos concretos

Que muitas vezes ocultos estão.

Por mais que discordem me sobra coragem

Pra não me curvar aos tolos decretos

Que encolhem o homem, fazendo-o anão

Há tanto silêncio nos peitos guardado

Hoje o medo de não ser aceito

Cala as vozes dos mais comedidos

Resta-me o grito dos seviciados

Faço ecoar o que vai no meu peito

Contra os grilhões do mal consentido

São tão poucas vozes que se erguem

Que algo têm a acrescentar

Além do que "ouviram dizer"

Tantos permitem que às almas lhes seguem

Que teimam ser deserto o profundo mar

Alegando nada poderem fazer.

Sou a voz dissonante que clama na esquina

Revolvo o lixo da sociedade

E espalho o cheiro de sua podridão

Se hoje encontras minha língua "ferina"

É porque te escondes da realidade

Olhando por frestas a desolação.

SP, 11 de junho de 2010

14:23