ESPELHO URBANO
Em frente ao espelho
vejo um reflexo enfurecido.
Alguém fazendo um apelo,
uma imagem, um gesto, um grito.
Um rosto marcado pelo tempo,
um tempo gasto inutilmente.
O espelho não espera o momento,
não conhece a nossa mente.
Em frente ao espelho,
caras e bocas ainda reagem.
E o tempo passa sem atropelo,
levando sem dó a imagem.
Em frente ao espelho,
existe só realidade,
maquia-se com empenho,
mas o que manda é a idade.
O tempo é implacável,
não tem como desligar.
O espelho se fosse amável,
em nada poderia ajudar.
O tempo sendo nosso aliado,
consegue nos refinar.
Mas o relógio do tempo,
não pode o tempo parar.