CONFLITO DE NÓS TRÊS
Quando o olhar maroto e belo,
desejoso de paixão
vem em mim com tensidade
eu procuro me esconder,
eu procuro me conter...
Tenho cá minha razão...
E saber que a confusão
do desejo que aqui sinto,
da vontade de ser justo
e fazer a coisa certa
vem em mim na profusão
envolvente, desmorona
o meu senso apaixonado
e eu me vejo num oculto
manto negro e sem saída...
Como espero... A paciência
pode ser uma virtude,
mas ninguém aqui no mundo
quer ser muito paciente...
Nós sabemos muito bem
que sofremos co' essa deusa
e a deixamos escondida
no recôndito do âmago.
Para ser um homem justo
precisamos ter amor
baseado em mansidão,
paciência a combustão,
colossal fidelidade...
Mas parece que é impossível,
pois nos falta paciência.
Tal olhar que me olha sôfrego
me conduz para o adultério...
E eu renego este desejo
com meu peito dolorido.
A deidade faz doesto
e me joga lá na lama,
mas bem sei que fiz o certo;
meu espírito feliz
regozija da vitória
e minh' alma canta e chora.