CONFLITO DE NÓS TRÊS

Quando o olhar maroto e belo,

desejoso de paixão

vem em mim com tensidade

eu procuro me esconder,

eu procuro me conter...

Tenho cá minha razão...

E saber que a confusão

do desejo que aqui sinto,

da vontade de ser justo

e fazer a coisa certa

vem em mim na profusão

envolvente, desmorona

o meu senso apaixonado

e eu me vejo num oculto

manto negro e sem saída...

Como espero... A paciência

pode ser uma virtude,

mas ninguém aqui no mundo

quer ser muito paciente...

Nós sabemos muito bem

que sofremos co' essa deusa

e a deixamos escondida

no recôndito do âmago.

Para ser um homem justo

precisamos ter amor

baseado em mansidão,

paciência a combustão,

colossal fidelidade...

Mas parece que é impossível,

pois nos falta paciência.

Tal olhar que me olha sôfrego

me conduz para o adultério...

E eu renego este desejo

com meu peito dolorido.

A deidade faz doesto

e me joga lá na lama,

mas bem sei que fiz o certo;

meu espírito feliz

regozija da vitória

e minh' alma canta e chora.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 15/09/2010
Código do texto: T2500477
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