Hera Adormecida- Ode à Pessoa

Quando agoniza o coração e sangram as veias ,

Triste , alma de poeta desfaz-se.

Despertar de antigos sonhos , planos desfazer-se nas areias do tempo, assim é o amanhecer de Cervantes.

Desnudado dos planos e devaneios, utopias que lhe acorrentavam a alma hoje dilacerada, recompõe-se , meio – ao – meio , refaz-se da queda.

O corpo , ferido pela angustia da perda alucina-o.

Lhe desperta em madrugadas agonizantes de infindáveis noites de angustia.

As lágrimas já não lhe correm ao rosto , agora calcinadas por intermináveis horas.

Morte em vida sem ter vida, sem ter nada.

Nada lhe sobra , nada lhe resta.

Nada sonha ou nada quer , alem de uma morte que lhe venha rápida, indolor, insípida.

Fadigado , o corcel descansa no remanso das planícies ; anoiteceu e o príncipe não despertou a sua amada. Nada mais espera que noite escura e sem brilho, sem estrelas, sem mais nada.

E a princesa encantada , antes adormecida , sonhando em morte a sua vida agora vê em vida a sua morte . E ele , antes que já libertado, vê seu caminho fadado , entregue à sua própria sorte , assiste , impassivo sem fim, sua própria morte.

Enfim então reconhece , oque nem mesmo ele sabia , que sua princesa encantada , que dormia

Era um sonho , o retrato de uma heresia.

JAlmeida
Enviado por JAlmeida em 14/09/2010
Reeditado em 16/09/2010
Código do texto: T2497971
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