POETANDO 9

um Eucalipto seco

solitário

agonizando pelas bandas de Bagé

recebe solidariedade de um céu

plangente

cujas bocas desdentadas

vomitam lama, dejetos e corpos em decomposição.

não há nuvens, apenas imensidão de mortes,

cada amanhecer é como segundos depois de um tsunami.

vastidão desoladora:

não há aquém

nem além do Desejado.

a única água, já meio apodrecida, são,

quem duvida,

as lágrimas veladas no tronco da pobre árvore.