TRAPAÇAS

Os pedaços que minh’alma traga

Destroem aqui dentro o que nunca renasceu

Despedaçam as notas falsas do dó que nunca ressoou

Pistas que ficaram pelo meio da estrada

Sem nada para resgatar, nem catar os pedaços

Que minh’alma aspirou e depois jogou ao ar, no ventilador

As trapaças que senti na alma

A dor que veio sem ter remédio para entorpecer

Sem saber se era dor de perder ou dor do alento

Que chegou sem intento de ficar, só de tremer

O que estava por fazer, as peças que a vida prega

E a gente temerário do amanhã só se deita e espera amanhecer

Os estragos que ficaram em minha mente

Semente latente do mal que se sente

Um pouco do que procurei para mim mesma

Nas esquinas, nas bobinas desenroladas das estórias sonsas

Que eu mesma contei, e nem aproveitei

Para aprender algo que eu mesma inventei

Nos pedaços, nas trapaças, nos estragos, nos tropeços

Que a vida inda intriga em minh’alma torpe

Sem nunca reaver o que perdi nos caminhos

Que andei, tropecei, trapaceei, estraguei, despedacei

Nas pedras, nos corações, nas recordações, nas emoções

Do andarilho que sou sem dor

Nem remorso do que fiz ou passei

Eu hoje sei

Que maus pedaços são estragos dos tropeços que já dei

Nas trapaças que eu mesma forjei

Nesse mundo louco em que eu viver ainda não sei

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 09/09/2010
Código do texto: T2488241
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