TRAPAÇAS
Os pedaços que minh’alma traga
Destroem aqui dentro o que nunca renasceu
Despedaçam as notas falsas do dó que nunca ressoou
Pistas que ficaram pelo meio da estrada
Sem nada para resgatar, nem catar os pedaços
Que minh’alma aspirou e depois jogou ao ar, no ventilador
As trapaças que senti na alma
A dor que veio sem ter remédio para entorpecer
Sem saber se era dor de perder ou dor do alento
Que chegou sem intento de ficar, só de tremer
O que estava por fazer, as peças que a vida prega
E a gente temerário do amanhã só se deita e espera amanhecer
Os estragos que ficaram em minha mente
Semente latente do mal que se sente
Um pouco do que procurei para mim mesma
Nas esquinas, nas bobinas desenroladas das estórias sonsas
Que eu mesma contei, e nem aproveitei
Para aprender algo que eu mesma inventei
Nos pedaços, nas trapaças, nos estragos, nos tropeços
Que a vida inda intriga em minh’alma torpe
Sem nunca reaver o que perdi nos caminhos
Que andei, tropecei, trapaceei, estraguei, despedacei
Nas pedras, nos corações, nas recordações, nas emoções
Do andarilho que sou sem dor
Nem remorso do que fiz ou passei
Eu hoje sei
Que maus pedaços são estragos dos tropeços que já dei
Nas trapaças que eu mesma forjei
Nesse mundo louco em que eu viver ainda não sei