palavrório
palavras enfartadas de alegria
estão largadas pelos verdes campos
buscam sintonia com as flores
palavras enfartadas de tristeza
dormem sobre o assento das cadeiras
não se fartam de seus desencantos
palavras comedidas são as tolas
que só foram ao cabeleireiro
certas de que não vão dar vexame
palavras que se acham inteligentes
logo adormecem nossas mãos
de um formigamento irreversível
palavras que passaram por pudicas
e envelheceram com os anos,
foram confundidas com nanicas
palavras – a roupagem fascinante
que, ao revelarem conteúdo,
vou e me desnudo num instante