Amor, o que és?
És o átomo de vida
Na molécula do meu ser...
E, ainda que seja eu
A partícula mais ínfima de poeira estelar
Na imensidão do cósmos...
Em mim tu és, tu estás...
E és centelha de luz
As noites de meus dias a iluminar...
Ah, mas tu és mais...
És presentificação divina em toda criação...
És o sopro de ar
A restaurar fôlego ao moribundo,
És a última gota d’agua ao sedento peregrino,
E em noites intempestivas, és farol
A guiares barco inseguro, sem porto, sem rumo...
Ao pescador alumias... o pensar, o mar, o anzol
Ah, és alforjes para longa viagem...
E do paraíso... sublime miragem
Sim, tu és...
Dos amantes, o desejo mais íntimo
E da mãe o sentir mais profundo...
És o beijo da vida no leito de morte
És toda a beleza do mundo...
És o gozo da alma em deleite com a vida
Ah amor, és a mão estendida
Ao que submerge nos mares da solidão,
E ao que se perde nos cárceres da alma
Tu és luz... apontas a direção e,
Anuncias um novo amanhã...
Sim, pois tu és
A chave das algemas da razão
E és o it da emoção...
Ah, tu és o canto do pássaro
E és a canção que ouço no rádio,
Transcendes meus sentidos...
Elevas meu corpo, minh’alma
E arrancas meus gemidos...
Ah... e, fazes a vida derramar-se em mim
Em seiva ardente a revirar-me por dentro...
Ah, amor...
Em ondas avassaladoras és em meu corpo
Um sentir sereno, seguro... pleno
Fazes minh’alma transbordar
E todo meu ser por fim, inundar-se de ti...