Eu lutei contra uma folha em branco

Eu lutei contra uma folha em branco

Eu que a venerava quando escrita

Eu que vislumbrava as tortas letras quase listras

Eu que a odiava a assim refletir o nada

Eu lutei contra uma folha em branco

Pois não suportava mais a idéia

Eu que me julgava pensar com modernidade

Não agüentava não ter palavras para vencê-la

Por momentos mais tristes eu pensei

Não tenho mais palavras de pedra para lançar

Não sei mais uma explosão no papel causar

Nem sei mais jorrar como sangue escrever

Eu lutei contra uma folha em branco

Nos confins da mentia sentia

O instinto que sente o assassino frente a presa

Nesse sentimento a gente confia

Larguei de mão toda a preocupação

Com o que seria?

Quem leria?

O que diria?

Rabisquei tolas palavras de amor

Ofendi velhos inimigos

Meu passado exaltei

Contei, só um pouco não muito,

De toda a minha dor

Agora frente a mim

Folha ridícula

Não mais em branco

É lançada na minha gaveta desse armário velho

...

E de que adianta?

Se certamente ela será esquecida?

...

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 19/08/2010
Código do texto: T2447196