A essência do verso
Existe uma grande diferença
entre criar uma poesia inteligente,
que a par da liberdade da linguagem
em rima, métrica e mensagem
conserve todo o conteúdo
que só por si já possa dizer tudo
e alinhar palavras ao acaso
tentando rotular de vanguardismo,
modernismo ou aldravismo
o que não passa mesmo de atraso
e em termos literários, de cinismo.
E o pior é que esses mesmos “versos”
ainda encontram quem os classifique
de “poesia moderna”, coisa chique
para intelectos perdidos e dispersos.
Poesia é instintiva, uma ciência
não explicada em fórmulas exatas
que tem, como resumo, a transferência
do que existe dentro do escritor
para uma folha de papel que acata
seus anseios, frustrações e alegrias,
guardando cada um todo o vigor
que vai fazer o leitor entrar na história
e envolvido ficar de tal maneira
que buscará no fundo da memória
um momento semelhante ao que ele leu
e que fará do enredo da poesia,
numa extraordinária lição de empatia,
uma vivência do seu próprio eu.