Mar e Maré

Os peixes nadam na ‘spuma

Branca, alva, espumais

E no verde que de escuro

A claro, fica um azul

Escuro e claro a mais,

E o limite que bronzea,

Nas tardes, as alcatrazes

Os ombros, os lombos

E os namorados.

E o sol, atrasado,

Meio acanhado,

Com a lua que chega

No céu avermelhado

Deixa um pobre coitado

Na areia deitado,

Ou um pescador

Descarado, desajeitado

Que lança sua rede em compasso...

Com um fio de aço

Dum barco alçado

Em maré alta, mar agitado

Fisga; fisga sem isca

Fisga e estica o danado

Que pula, geme, rabeia...

Porque na maré cheia

No tempo que o barco treme

Uma vaga carrega o barco e o leme.

E os peixes vadios

Nadando apavorados:

Baleias em cio, arraia, o polvo,

O casal de namorados, o vermelho,

O cação, o garoupa, o melro.

O peixe espinho que sai do espinheiro

Que vem sentir o cheiro

Do primeiro marinheiro

Que vem olhar o mar.

Caçoa vento amigo!

Vem cantar na praia deserta!

Veja o mar que está em festa

E o luar que já brilha, em sesta!

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 13/08/2010
Código do texto: T2436648
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