Mar e Maré
Os peixes nadam na ‘spuma
Branca, alva, espumais
E no verde que de escuro
A claro, fica um azul
Escuro e claro a mais,
E o limite que bronzea,
Nas tardes, as alcatrazes
Os ombros, os lombos
E os namorados.
E o sol, atrasado,
Meio acanhado,
Com a lua que chega
No céu avermelhado
Deixa um pobre coitado
Na areia deitado,
Ou um pescador
Descarado, desajeitado
Que lança sua rede em compasso...
Com um fio de aço
Dum barco alçado
Em maré alta, mar agitado
Fisga; fisga sem isca
Fisga e estica o danado
Que pula, geme, rabeia...
Porque na maré cheia
No tempo que o barco treme
Uma vaga carrega o barco e o leme.
E os peixes vadios
Nadando apavorados:
Baleias em cio, arraia, o polvo,
O casal de namorados, o vermelho,
O cação, o garoupa, o melro.
O peixe espinho que sai do espinheiro
Que vem sentir o cheiro
Do primeiro marinheiro
Que vem olhar o mar.
Caçoa vento amigo!
Vem cantar na praia deserta!
Veja o mar que está em festa
E o luar que já brilha, em sesta!