Gata Borralheira sorrindo

(queria me deparar com)

uma poesia que me rasgasse o peito

me infiltrasse a alma

anulasse-me os sentidos

me deixasse inibido

diante da atitude de ser poeta

que me prendesse os olhos

no que estivesse lendo,

ouvindo, rindo, chorando

indo pra algum lugar

voltando de lugar nenhum

uma poesia incomum

terrivelmente invulgar

uma poesia pra odiar

e ao mesmo tempo curtir

como se não houvesse onde ir

ou mesmo aonde chegar

ou então com quem se alegrar... mais

mas ninguém é obrigado

a ter essa poesia

(por isso é que da maresia

não se pode só lamentar)

ou ninguém tem a obrigação

de ter sofrido tanto

muito menos eu,

que não carreguei cangalhas

ou andei de antolhos

e não passei de uma gata borralheira

cuja infelicidade foi passageira

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 11/08/2010
Reeditado em 11/08/2010
Código do texto: T2432244
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