Epitáfio às avessas
Nessa travessia
Para levar comigo
Não quero mochila
Nem bagagem, nem alforjes...
Quero a poesia por alimento
E o néctar das palavras por meus licores
Ah e quero tudo aderente ao meu ser
Pois, toda pele, toda carne...
Todo osso vai putrefazer
Mas quero crer...
Que tudo que estiver em minh’alma,
Comigo irá... e irá permanecer,
Então quero derramar um arco-íris
Na aquarela desbotada de minh'alma
Quero absorver todo verde dos campos
Todo vermelho da terra,
Todo azul do mar...
Da água toda transparência e todo frescor
E todo o amarelo do Sol e todo o seu calor,
Ah quero toda a beleza da Lua
Todo brilho das estrelas,
E a singeleza de cada flor...
E na ânsia de eternizar todo belo, todo explendor
Quero gravar...
Todos os instantes, todos os momentos...
Do vento, todos os cantos e todos os lamentos...
Ah quero abocanhar toda luz do dia
Para iluminar a noite de meus porões
E quero tatuar na retina da alma
A imagem dos meus filhos e,
Quero abraçar todos os abraços
Me prender nesses braços...
E sorver do beijo todo sabor
Ah quero armazenar todo riso, todo grito
Todo canto... todo encanto e,
Toda voz de criança em meus ouvidos
Enfim, quero entalhar na alma
Todo toque de mãos...
E todo olhar em meus sentidos,
Ah toda forma de afeto
Quero sublimar...
Pois, quero celebrar a vida e,
Libertar todos os amores
Para que livres voem e
Livres possam voltar!