Pão com Manteiga
Enquanto havia pão com manteiga
Comíamos todos pensando em como
Seria bom se tivéssemos o queijo
Porque era a vida que dizia que
Precisávamos do mais que éramos
Como agora biscoito salgado
E nada espero além de água
De torrada tostada
De calor sem muito sabor
Porque o gosto se acostumou comigo
E se as flores dependessem de mim
Coitadas! Não brotariam pendões mais vivos
Porque só os amarelos médios vingariam
Uma espécie, apenas uma qualidade
Porque nos acostumamos
E assim que vemos a cor pacata da vida
Decidimos sem pesar que assim deve ser
Porque está ali e assim deve ser certo
Um pouco sem ritmo, sem dança
Como a apatia dos céus
Pois me estrangula a cada dia
Um aperto de certezas sem sonhos
Sem vontade de querer mudar
Acaba remoendo dentro de mim
Algo que tem o nome de liberdade
PS.: Por isso Adeus velhos cabelos compridos!