ESTRELAS SÃO GRATUITAS
É noite. Intero-me das estrelas...
Não me contenho em distinções
Reinvento-me nelas!
Por meu olhar, um rompante
De realidade que perece na safa ilusão
De ser eu próprio, o que estes astros são:
Radiantes, criminosamente distantes
Dossel crepuscular sobre meus desejos...
Estelas são gratuitas, prescindíveis no inferir
Assim como é o estrondear de um raio,
O sazonar amarelado de um limão...
Tão igual a “como não me entendo”...
Incalculáveis despropósitos de exatidão
Regram seus sincrônicos movimentos
Decompondo-se na magnífica explosão
De seus radioativos elementos...
Criam tal conexão emocional
Com meus pés cá na terra
Coisa que estrela alguma idearia
Mesmo fosse o “imaginar”
A primordial missão de sua carpintaria...
Encaro-as... Reflito-as por dentro, uma a uma
A admirar nelas essa vocação crítica
De antever a dispensável história minha
Ao rutilar cadente, elíptica, em minha memória...