SUSPENSO
(No sentido de interrompido, sustado,
parado ou adiado para outro tempo)


Agora tocar a vida com o que resta
Que qualquer coisa a mais faz mal
Não querer um funeral numa festa
Mas uma grande festa num funeral

Restam só restos e os escombros
Há o que quebra e não se conserta
O peso da vida carrego nos ombros
Tentando não errar não se acerta
 
Melhor nem pensar nesses meus passos
Tentar aprender com o próprio caminho
Nunca mais errar qualquer compasso
Mas se errar, que seja errar sozinho

Restam rastros e rostos, e tantos olhares
E palavras escritas, pensadas, esquecidas
Resta sonhar distâncias e os tais mares
Poemas novos em folhas amarelecidas

E as velhas palavras de uns novos cantares
Numa poesia que de tão minha é tão sentida
Espalhada aos ventos para todos os lugares
Carregada no absurdo de uma dor tão sofrida

E agora muito pouco importa o que sentir
Agora muito pouco importa o que penso
Agora é esquecer, continuar, é só seguir
Agora que tudo que nem é fica suspenso

(Poesia On Line, em 07/08/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 07/08/2010
Reeditado em 05/08/2021
Código do texto: T2424057
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