O fim da doce neblina

Sinto a distância entre nós

Ainda que você esteja ao meu lado

Mas quem impôs esse clichê entre aqui,

Fui eu.

E todas as roupas guardadas separadas

E os dois pratos afastados na mesa

E a forma como eu entro no banheiro enquanto você sai

Tudo isso não prova que somos dois seres separados

Mas a mesma cama que eu divido

Parece ser apenas minha

E todos os comentários entre nós não passa do cotidiano

As cinzas tomam conta da nossa casa

E só um poderá sobreviver

Em chamas meu coração pede para que você fique

Ao menos mais um dia irei tentar me aproximar

Ainda que meu corpo diga o contrário

Ainda que isso seja uma idéia não muito certa

Eu não sei ver o final das coisas

A não ser dos livros que me canso de ler

Mas ainda assim pulo para as páginas finais

Não gostaria que essa minha história de vida

Esse conto inacabado,ainda em construção

Se torne o tédio que me fará pular para a parte final

E a glória de conseguir passar por um batalha

E a culpa por ferir alguém nessa guerra entre quem eu sou

Contra quem eu gostaria de ser

Eu apenas não teria envolvido ninguém além do necessário

Para que me provasse que isso não me cai tão bem

Mas os dias claros,existiram algum dia

Quando o sol entrava pela nossa janela e não neblinas

E a forma como você me olha sem encarar

Sabendo também do que eu sei tão bem

Que as vezes na vida

Muitas vezes na vida

É necessário continuar a caminhada sem olhar para trás

E especialmente

Sem olhar para o que foi necessário ser deixado para trás

Você então aqui ao meu lado

Passa os olhos desatento sobre um livro desses meus qualquer

Espera ansiosamente de forma discreta

Por essas palavras sobre começo,meio e fim

Que não serão ditas novamente

Não serão dito hoje como não foram ontem

E deixando a dúvida e o medo nos cansar

Ao ponto que nenhum de nós possa sair machucado ao ponto de não saber continuar

Enquanto a noite vai dando espaço para um novo dia

Hoje.

Eu me deitarei ao seu lado e olharei para você como da primeira vez

E o sorriso dará espaço á uma lágrima

Você como sempre,irá seca-la como se não sentisse nada

Talvez quem sinta seja eu

Eu sozinha

Sinto o aroma do começo

A névoa do meio

E o corte profundo do fim.