Estampado de amor
Por toda a cidade.
desertos negros,
maqueados de inverno.
E o tempo maqueavélico.
Dentro da vida, labirintos fechados,
estampados de amor;
pelos sinais e por aí, carros desgovernados,
que não atropelam mais,
nem a dor e nem a mágoa.
Pela contra-mão,
Sonhos, tão vazios;
Canteiros enfeitados com flores;
na música que toca,
versos desimportantes de solidão;
a fumaça que empesteia as luzes.
A batida seca, acústica,
quase estúpida;
os aplausos, que só vêm depois.
No meio do palco escuro, vozes;
sobre as coxas um violão.
Séculos imperfeitos se arrastam,
feito isqueiros pelo asfalto.
Chovem dos céus, água;
mas pelos campos há sal.
Julhos parecidos com dezembros.
Velhos desconhecidos meus;
rostos perdidos,
a espera de um perdão qualquer.
Solos aprisionados,
num disco arranhado,
que repete a música,
mas não cantam o refrão.
(Edcunha)