Estampado de amor

Por toda a cidade.

desertos negros,

maqueados de inverno.

E o tempo maqueavélico.

Dentro da vida, labirintos fechados,

estampados de amor;

pelos sinais e por aí, carros desgovernados,

que não atropelam mais,

nem a dor e nem a mágoa.

Pela contra-mão,

Sonhos, tão vazios;

Canteiros enfeitados com flores;

na música que toca,

versos desimportantes de solidão;

a fumaça que empesteia as luzes.

A batida seca, acústica,

quase estúpida;

os aplausos, que só vêm depois.

No meio do palco escuro, vozes;

sobre as coxas um violão.

Séculos imperfeitos se arrastam,

feito isqueiros pelo asfalto.

Chovem dos céus, água;

mas pelos campos há sal.

Julhos parecidos com dezembros.

Velhos desconhecidos meus;

rostos perdidos,

a espera de um perdão qualquer.

Solos aprisionados,

num disco arranhado,

que repete a música,

mas não cantam o refrão.

(Edcunha)

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 04/08/2010
Reeditado em 14/08/2010
Código do texto: T2417668
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