EU NO UNIVERSO

Como de pântano selvagem

sou folha seca caindo do galho

e suavemente levado pela brisa

a lugar nenhum de um chão

qualquer desprezado pelo tempo

Talvez espiral de fumaça

esvoaçando e esmaecendo

qual pensamento repentino

e logo esquecido por inútil,

quiçá aquele pingo de tinta

que respingou e ninguém viu

Qual a importância, então,

do pingo de chuva, da pétala

arrancada da flor, do til

no vocábulo não, do que é

insignificante e desprezível?

Não se torna a folha seca

excelente parte do adubo,

a fumaça não elimina mosquitos,

o arremate prescinde

do respingo na obra de arte?

Se o tudo é composto de

átomos, então até um grão

de areia tem importância

no complexo Universo, assim

alegro-me por ser tão-somente

essa folha seca disforme.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 02/08/2010
Código do texto: T2414753
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