Algodão
Estranho é esse sentimento de vazio
Que volta e meia enche o peito
De pura apatia resumindo o concreto
E levando de leve o cheiro
Das flores que guardei em êxtase
E se depois de tanto tempo o tempo
Não se passa sendo aquele mesmo
Cara-a-cara com a vida da rotina
E porque esquecemos de aprender
Que o aprender não se finda
E se levamos todo sempre uma qualquer vida
E porque deixamos de ver com mais brilho
Os novos alvoreceres das manhãs
E o nascimento da temporada das flores
Em felicidade instatânea
E nessa correria de sobe e desce
Que não lembramos mais os nomes de nossos pais
Que esquecemos a data de anos dos amigos
Deixamos de recordar que éramos livres
E que quando crianças era doce o caminhar
Se for essa a consequencia do envelhecimento
Prefiro eu ficar nesse mar de algodão doce
Concordaria em acordar todos os dias sorrindo
E desejaria de volta aquela vontade
De crescer por um instante se quer
Mas se pensam que para isso eu voltarei
Não sabem que guardo um segredo mágico
Tenho a imaginação e os sonhos
Que transpassam os desejos e me fazem voar
E andar a pé sobre as águas do mar