Minhas noites...

Há muito tempo não sei como é dormir tranqüilo,

Deito-me nessa cama, mas tudo parece ficar tão estranho

Vejo coisas que não deveriam aparecer no meu mundo,

Vejo mulheres desfiguradas, crianças maltratadas,

Que tentam me dizer alguma coisa de seus passados obscuros,

Quando me reviro para o outro lado da cama,

Sinto um forte abraço a me acochar,

Às vezes eu tenho medo, às vezes eu entro em desespero,

Mas logo noto que mal algum isso me fará,

Aceito tudo com um enorme carinho,

Como se fosse de alguém muito querido,

Que viesse me consolar com seu ombro amigo...

Ontem ouvi uma bela voz a me chamar na porta do meu quarto,

Corri então para atender,

Pensando que a dona da bela voz eu iria conhecer,

Mas de repente tudo se dissipou no ar do anonimato,

Todas as noites para mim são mais do que simples noites,

O vento tem a forma de um vulto,

Quero descobri-lo, mas ele está oculto,

As janelas estão todas fechadas,

Ouço então o som de uma leve gargalhada,

Esse é um vulto que não quer que eu o veja,

Mas jogar comigo é o que deseja,

Então essa é a hora de brincar,

As cartas já estão lançadas, quem perder pagará prenda

Por isso vencerei para que me mostre a sua face,

Não fuja,

Não se oculte,

Não disfarce...

Todas as minhas noites de solidão são preenchidas de fascínio,

Somente a minha alma me permite participar desse mundo dividido,

Vivo beirando o lado negro, esse lado proibido,

O lado onde habitam as visagens,

Onde pelo menos os espíritos mortos não me vêem como um desconhecido,

Mas sim como uma imagem real,

Como alguém que para eles será sempre um bom amigo...

DiaNublado
Enviado por DiaNublado em 01/08/2010
Reeditado em 03/08/2010
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