Essa poesia invasiva me cansa tanto
Sinto-me rasgado de palavras tantas
De cima a abaixo de mim irrompidas
Rompidas todas as minhas vontades
A vontade de tentar ser e a de fazer
A vontade de crer em algo tão crível
E não crer em tudo tão assim incrível
Essa poesia tão cansativa me invade
No mais distraído de meus silêncios
Dessa minha quietude de esperar
O dia que chega na noite que acaba
Na madrugada que avança e recua
Na mais nua e crua e vil realidade
Sou um mero espectador desse dizer
Minhas palavras não dizem o que fazer
E nem dizem o que querem de mim
Elas veem e se instalam no meu vazio
Plantam-se em todas as minhas salas
No meu quarto preferido de esquecer
Essa poesia intrometida me esgota
E me bota cara a cara com o espelho
E meus olhos fartos de tanta paisagem
Retintas minhas retinas tão exaustas
Dessa luz reveladora de uma escuridão
Essas palavras brotadas do silêncio
Que deviam nem nascer para eu ver
O que nunca tiveram que me dizer
Sobre o que nem sei que sou se sou
Não sou, sei que não, o dono delas
Elas me possuem na contemplação
Na mais distraída das inspirações
E irrompem de meu absoluto silêncio
Para se tornarem para sempre ditas
E depois disso nunca mais esquecidas
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 30/07/2010
Reeditado em 05/08/2021
Código do texto: T2409408
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