Comunicação difícil
Apoiado no bar, já perdido em sinestesias
Imaginava seres abstratos, num monólogo interior
Tentava manter a linha, mas caía em digressões
Seria alguma apóstrofe, que expressaria a minha dor?
Ao meu lado, de repente, pousou aquela hipérbole
Lábios, seios e quadril, tudo em perfeita coerência
Que paradoxo, que antítese, "o bêbado e a equilibrista"
Em gradação eu admirava aquela doce incidência
Cuidando pra não soar um hipérbato
Olhei-a nos olhos com coesão
Me declarei em metonímia
Sem paródia, nem aliteração
Pobre de mim, um eufemismo
Perto de tal elipse eterna
Queria ser parte da poesia
Mas não passava de figura externa
Acho que ecoei como um cacófato
Pleonasmo vicioso, solecismo
Ela só deu um sinal de interjeição com os olhos
Quem sabe, da proxima vez, um neologismo?