TESTAMENTO (MOMENTOS DE FRAGILIDADE E FORTALEZA NO MEU EU)

Ultimamente,

eu tenho me sentido muito cansado,

fragilizado diante de um altar,

onde estão depositados meus valores.

E eu rezo a fim de que, me aprazem tanto,

quem quiser cuidar de mim nos dissabores...

porque nos demais momentos, eu vivo em flores...

Peço a todas aquelas pessoas que prezo tanto,

que cuidem direitinho dos meus sonhos

e zelem por meus encantos...

a velar e lutar pelas idéias

que eu construo quando nos prantos...

É o cabedal que consigo deixar ao mundo:

crenças e credos em forma de escritos e escudos,

todo esse tudo, plural de singulares conteúdos.

Há alguém ou algumas poucas pessoas,

às quais eu deixo esse relicário

com a chave do meu tesouro imenso

pra serem responsáveis a revelar-me,

doravante, todo o meu lado intenso!

Ao cabo de uma densa

e desluzida interminável floresta,

em meio e em torno de si, circundante,

um fundo e negro fosso,

eis o meu castelo construído

em chocolate e caramelo grosso...

Em suas portas e janelas,

como o é certa fábula, tramelas...

com bisagras e parafusos que são trufas

(facilmente degustáveis como uvas!)

mas, num castelo de pesada estrutura

com tijolos paralelos

e untados paralelepípedos

com o perene óleo de baleia,

selecionado entre espécimes,

desses melhores mamíferos.

Eis a minha fortaleza de fragilidades,

sobreposta em redonda mesa...

utópicos e ufanos pífanos

fazem a festa do lugar entre ufas!

No fundo da parede principal do castelo

tem uma falsa passagem,

que conduz a um longo corredor

condizente, deflagrado e surdo,

conquanto, implacáveis guardas

com cães-soldados pra todo lado

fazem a ronda diuturna

dessa minha alma desesperada e rotunda...

E, por fim,

se ultrapassados os empecilhos e obstáculos

chega-se enfim, ao consumido espetáculo

dentro de um baú colorido, inusitado

recheado de possibilidades

que me fazem sorrir pra não chorar...

e sobre essa caixinha de música

baila descontraído e sem corda

o âmago distraído do meu estado.

Todas as lágrimas destiladas,

curtidas e filtradas são orvalhos,

após terem sido transfundidos

das artérias aos tecidos do espírito da vida

a deslizar na textura do veludo das pétalas

de hortênsias e de orquídeas.

Vão lá no meu âmago

e retirem, por fim,

o néctar essencial e amiúde,

que sorvido, fará do sorvedor,

o mais feliz entre os ditosos,

no guloso mel bebido pelos Deuses.

E jamais sofrerá deslizes ente os viventes,

e mor-mente, terá pra si,

a fonte da eterna juventude!!!

MEUS HERDEIROS?

Todos os que, no passado, presente ou futuro desejem prosseguir comigo, levando o que eu consegui produzir dentro da minha obra.

Dinheiro e bens, não tenho... bonito só sou por dentro.

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 29/07/2010
Reeditado em 24/07/2011
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