ATO DE ESCREVER

Mesmo quando meu coração se envolve em poesia e desenha meu sonho como poema, sempre há que se desculpar, mesmo assim, eu teimo em escrever..., mesmo assim, sempre

haverá de faltar. Mesmo que não seja um sentimento que se deva compartilhar, eu mesclo os desejos, mas escrevo um pequeno rabisco, como um afluente de um rio que me circunda na solidão. Mesmo que me digam, ser eu, um completo desavisado, invariavelmente incoerente,mesmo assim, exponho minhas razões. Pois não consigo guardar a importância da minha esperança, seja ela pequena e aparentemente sem propósito. Sei lá eu a fonte, sei lá eu a verdade, sei, eu, a dor do silêncio.Existem amores guardados, em corações outros, que de um aviso meu,

serão lembrados, mesmo que para serem esquecidos. Existem respostas escondidas, aflitas e receptivas às perguntas que, entre linhas, eu desenho nos rabiscos mais simples e inconseqüentes.Descobrem-se entre tantas outras novidades, um sorriso meigo, um gesto de carinho e compreensão à minha necessidade de exposição. E eu, na busca de um olhar, acabo enxergando uma alma esquecida, calada ao meu lado, que por egoísmo, sequer ousei perguntar: posso estar com você? Mesmo quando confesso minha ignorância, minha petulância, pela manhã, ao meu espelho,corro apressado para escrever a resposta que gostaria de ouvir, sabendo que a verdade virá no tempo exato desse ponto final.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 25/01/2005
Reeditado em 25/01/2005
Código do texto: T2404