SEGREDOS DE ESPELHO...

Espelho…

Já ocupavas cá quando encontrei-o.

Tempo…

Quantas faces te olharam de frente a te questionar?

Como num solicitar de explicações acerca do que viam…

Do que não acompanhavam… não percebiam… e não compreendiam.

Penso na tua aflição a explicar em tua voz muda…

Tempo… tempo...!

Compadeço-me de ti… espelho.

Quantos não te chegaram a chorar… dores, amores, saudades…?

Mantenhas-te em silêncio… suplico-te.

Sou apenas mais uma a contar-te segredos.

Segredos contados entre choros e risos dramáticos – cena – contracenamos eu e tu.

São tantas caras e tantas bocas e tantos gemidos de dor… de dor?

Percebo… Roubas minh’alma e morro cada dia um pouco.

Então… cumpres a tua sina…

Fotografas-me em tua memória e zombas de mim.

Percebes… Estou certa que sim.

A cada dia que recorro a ti… mais uma fenda… segredos.

Fendas – face…

Fendas da alma…

Fendas na boca… que não conseguem desdizer sobre o que não dizer.

Fendas nos olhos… venda - não quero ver…

Fendas…

São mesmo minhas ou apenas tua maldade do que desejas mostrar-me?

Impiedoso e verdadeiro espelho… frio.

Não desdenhas de mim.

Deixa-me cá… quieta… a fitar a mim e a ti.

E, sobretudo… sobre tudo.

Deixa-me pensar… escolher entre sorrir e chorar.

Escolher o que te apresentar de mim… hoje.

Espelho do canto de meu quarto…

Espelho do canto de minha alma.

Karla Mello

Julho/2010

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 26/07/2010
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T2399828
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