Eu e a minha janela - II
Da minha janela vejo de tudo,
O elegante e o vagabundo.
O bacana e o moribundo...
E vou vendo a vida passar.
Da minha janela vejo solidão,
O mendigo e a escuridão.
Os apaixonados e o fanfarrão...
E tudo parece mudar.
Da minha janela vejo loucos,
Pessoas com pressas, outras nem tanto.
Vejo caminhos se cruzando...
E vejo a vida passar.
Da minha janela vejo desespero,
Festas, abraços e enterro,
Ouço gritos em meio ao silêncio,
E vou tentando me encontrar.
Da minha janela vejo amigos:
Sinceros, falsos, deprimidos.
Vejo sonhos na lata do lixo
E o mundo que insiste em encantar.
Da minha janela penso nela,
Confundo riquezas com mazelas,
Me lanço abismado na favela
E até esqueço de jantar.
A noite se avizinha na fresta,
O sol se despede na selva,
As luzes se acendem sem vela
E começo a me ausentar.
Mais um dia chega ao fim,
Fecho a janela que para mim
É o que me faz ser assim...
Lugar que preciso sonhar.