A TRANSPARÊNCIA NO SER HUMANO
A melhor virtude humana
é sim, a transparência...
como se dá ou se revela
seria, enfim, uma ciência?
Ou só pela cor da pele,
que se faria o bem ao mundo...
acabando os preconceitos
que é um mal insano e imundo...
Se todos tivessem a pele,
cuja cor não fosse vista,
assim, nem preta, nem branca,
transparente, que conquista!
Todos seriamos, do interior, videntes
e veríamos o âmago de cada ser
revelando beleza ou interna feiúra
pra gente, enfim, compreender...
Por que “Sicrano” é tão ruim
e “Beltrano”, mente tanto?...
“Fulustreca” é uma fofoqueira...
Enquanto “Estoutro” é um espanto!
“Outrossim”, cleptomaníaco
“Joaquim” é tão velhaco...
“Tibúrcio” quando vê rico
é um grande puxa-saco!
Oh, que belo coração “Fulano” tem,
que fígado, que intestino delgado!
Que retina e que pulmão transparente!
senão, noutro, que baço mofino e estragado?!...
Ainda assim nós não veríamos
o caráter de cada ser “homo”
pois, mesmo se olhássemos o seu cérebro,
os seus pensamentos, o que dizer como?
Vamos deixar tudo isso como está!
Preferível assim, senhor Fernando.
Melhor seria pesquisar, por fim,
até ir-se encantando e se encontrando!...
Aprendendo a conviver
e a trocar energia boas...
sem se importar com os defeitos
cujo efeito é uma garoa...
que nos atinge somente por fora,
refresca, acalma e logo enxuga...
não existe um ser perfeito...
ao menos tem uma verruga!
Ou então, no desencanto total,
defender-se pelo espanto, que dó...
cortando à raiz todo o mal!
e tratar de escolher melhor
E, se, ainda assim, não tiver sorte
até chegar a hora da morte,
é melhor viver sozinho
pra ter paz nos seus caminhos.
Criado a partir de um comentário de Pedro Juarez, amigo meu e professor araciense, sobre um texto de um escritor brasileiro aplaudidíssimo, Luis Fernando Veríssimo.