Memórias

Abro o baú dos pensamentos

e começo a retirar tão bons momentos

há muito tempo ali guardados.

Eles estranham a repentina claridade,

tão diferente do escuro da saudade

a que todos estavam confinados,

alguns há dez, há vinte, há trinta anos,

no tempo em que eu ainda tinha planos

e ainda havia muitos amanhãs.

Outros, um pouco mais recentes,

talvez os últimos sobreviventes

de uma vida cheia de esperanças vãs.

Tiro o pó de um por um, deixo-os brilhando,

e cuidadosamente os colocando

à espera de voltar ao seu arquivo.

E aí percebo, triste e amargurado,

que tornar a por as mãos nesse passado

é a forma de mostrar que ainda estou vivo.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 16/07/2010
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