ALMA
Eis que a alma por vezes se encontra pequena
Dentro de si
Recinto
Para redemoinhos
Ventos
Viajando pela imensidão do espaço
Buscando sempre se encontrar
Perdendo e ganhado
Em cada paisagem a passar
Com o tempo vai buscando formas
Mas, ainda abstrata
Sente todos os efeitos
Do tentar
As vezes ferindo feridas
Sarando dores antigas
Desprendendo-se de algemas
Fazendo-se presa rendida
Eis que a alma
Se torna por vezes mistério
No seu refugiar distante
Um mundo fora do térreo
Sublime descansa
Espanta
Toda a sua extensão
Se faz hospedeira
Turista
Amante delirante
Mal amada visitante
Deste mundo
Constelação
Eis que a alma
As vezes se encontra muda
Sem som
Sem entoar
Suas músicas excitantes
O coração pune
Não o fazendo escutar
Segue calada
Malcriada
Fazendo do silêncio
O seu ápice de prazer
Encontrando-se
E perdendo-se neste labirinto
Pouco se importando
Com o corpo que a abriga
Que a faz ser
Eis que a alma
As vezes se faz amiga
Companheira
Por todas as horas
Preenche todo o vazio
Anda de mãos dadas
Brinca com os sentimentos
Como camarada, como amigo
Mas, eis que a alma
Em algum momento some
Em meio a nada
Um vazio te corroe
Te consome
Sem nenhum sentir
Sem nenhum pusar
Apenas o vácuo
Sem um som a se escutar
Eis que a alma se fez mistério
A vagar sem rumo
Te fazendo peregrino
Te negando o orgulho
De ser parte integrante
Dela, com ela
Um corpo preenchido
Com sentido
Consentido
Eis que a alma
Te faz assim
Um ser
Aprendendo a sentir
Fernanda Alves
07.07.2010