Soneto Niilista
Que fez de mim esta vida maluca?
Quem sou eu? Que fez de mim o passado?
Sou como um machucado que machuca,
E vivo sempre, sempre machucado.
Que trago dentro desta minha cuca?
Por que me calo e vivo tão calado?
Quando penso caio numa arapuca
E me arrependo, então, de ter pensado.
Quando medito é que percebo o nada
Que há em tudo, e, com a alma assustada,
Pergunto ao mundo por que tudo é assim.
Mas, ao olhar tristemente o mundo além,
Percebo o nada que ele é também
E o grande nada que ele fez de mim.
Vagner Rossi