A borboleta

No chão as marcas de sangue

cobriam a superfície dos campos

Parecia incrível, mas uma flor ali nascera!

No céu as rajadas da artilharia

descarregavam com fúria partículas de morte

tão velozes que pareciam vivas...

e parece mais incrível ainda

que no meio de explosões e gritos

uma pequena flor ainda se soerguia triunfal

nos campos semeados de combatentes.

O soldado olhou essa figura fragil por muito tempo

e pareceu-lhe ser a coisa mais bela

que viu nesses longos meses no front...

E no entanto estava regado pela alma

dos companheiros que caíram por essas campinas

e que deixaram para as gerações futuras

a dor de ser um herói desconhecido...

Ele ainda olhava a flor quando

de repente uma pequena borboleta

fura o crepitar da artilharia e pousa na flor

e fica a estar sem se dar conta da morte

que jaz ao seu lado ameaçadoramente

O soldado vê isso, vê tambem o avião que voava

vê também as granadas soando...

e vê que a borboleta apenas se escondia

numa flor tão frágil quanto ela mesma.

Mas se ela não estava lutando, pergunta-se o soldado,

de quem ela está se escondendo?