Toda dor do preconceito
Me julgaram pelo que não tenho.
Me afastaram pelo que sou.
Me reprimiram pelo que penso.
Me calaram por causa da minha cor.
Me impediram de amar.
Me ditaram as palavras que eu deveria falar.
Me disseram o que vestir e o que não vestir.
Riram dos meus cabelos longos.
Apontaram o dedo e me chamaram de bandido.
Disseram que eu parecia mendigo.
Sujaram minha imagem.
Maquearam minha verdade.
Rasgaram minhas ilusões.
Me transformaram em algo ruim.
Podaram meu jeito de ser.
Me marcaram com brasa forte.
No corpo e na alma o preconceito me marcou.
Roubou de mim o que eu era e me deu em troca o sabor amargo de uma mentira.
O preconceito me impediu de ver que os olhos que me olhavam eram como o espelho de um mundo onde a maioria era impedida de viver para que alguns poucos pudessem viver.
O preconceito me fez achar o diferente ruim, eu não pude ver a beleza de ser e sentir de maneira diversa, especial, única.
O preconceito me turvou a visão, me fez ver com uma racionalidade estúpida o que só a sensibilidade pode ver: As aparências são como a fumaça que logo some.
O que importa é o que se esconde por detrás das aparências.
O melhor, o mais belo mesmo é ir além do primeiro olhar.
É desbravar caminhos.
É ver além dos momentos, das aparências.
É ser feliz e permitir que o outro também seja.