Escrivão da alma
Minha alma é estúpida
Quando quer chamar minha atenção
Percebi com o tempo.
Que ela é capaz de seqüestrar meu humor
Quando quer que eu escreva
E escravo vou ficando dela
Que fica furiosa
Quando desdenho
O que ela quer
Mas tem dias que não quero falar do amor
E ela insiste
Dá-me enxaqueca
Dor de cabeça
E como robô
Ela me rouba
Acabo atendendo
E escrevo a seu favor
Ela é muito estúpida...
Ganha as coisas no grito
Acorda-me de madrugada
Tira o meu sono de sacanagem
Deixa-me reflexivo
E às vezes sinto
Que escrevo por obrigação
Minha alma é selvagem
Ela busca logo o atrito
Me deixa aflito
E então pressinto
Que é hora
De escrever!
E escrevo pra desafiar
O infinito dos significados
Escrevo pra desafiar
O labirinto que me atrevo
A viver!
Entre sonhos irreais
E pesadelos inusitados.
Que minha alma produz
E que meu universo insiste em dizer
Que todos são normais.
Minha alma é foda
Ela acaba de uma forma ou de outra
Conseguindo me mobilizar
Que acabo expurgando
E assim vou ouvindo,
Vou escrevendo
Vou sendo um escrivão
De tudo o que ela quer me contar...

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 28/06/2010
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T2346741