Invernos, Litorais.
Invernos, Litorais...
1.
Frentes frias, vendavais e andorinhas a cobrir o céu de hoje.
Como de todos os outros dias desde que aqui estou.
O dia é cinza, como manda a sua estação.
Contudo tenho meu corpo acalentado pela chuva, e o meu coração
É aquecido pela chama eterna da paixão...
Sim voltei...
É não despertaria, senão pelo beijo doce de uma ninfa.
E preciso dizer, que nestes dias em que tenho estado atabalhoado,
Meus muitos olhos estiveram abertos, mesmo enquanto sonhavam.
Cheguei a este porto um tanto à contra gosto...
Abandono minha nau, que por ora está furada
E passo a conhecer os habitantes destas costa já desbravada.
Sobreviventes de outras naus, outras sem moradas, alguns, acreditem-me,
Jamais saíram de suas casas.
Nômades, cavaleiros viajantes, Dona-doida, damas à fazer a corte.
Seja de dia, seja de noite...
Mas a noite tem teu nome, e o brilho de teus olhos é o teu melhor uniforme.
E quando nos aponta para a lua em suas varias formas.
Eu ouço e vejo...agradam-me noites de luar...e atento passo a escutar...
Discursos pacifistas, outros testam minha paciência, outros somente vêem pra ostentar...
E quem não gaba-se ao falar?...
Noites regadas de álcool, tabaco e nicotina...outros verbos outra rimas...
São sonhos, e fabulas, favelas e latrinas...cada qual tem sua crença e sua sina.
Outros querem viver o sonho americano, e cada um paga pelo seu engano.
Eu não queria parecer jocoso...
Mas de fato esta vida é um ciclo vicioso.
Há sempre uma pedra no caminho, uma rua sem saída,
Toda rosa tem espinhos, e penoso é ver você viver de maneira suicida.
Quero que todos saibam que estoy, mui vivo e sóbrio.
E dono dos sentidos, ouvidos e olhos á enxergar, nas mãos o tato
E no beijo paladar.
Engana-se quem não diz o que sente...
Tornam-se cúmplices dos que mentem.
2.
“Para conter o calor basta não por mais lenha na fogueira...”
Composição da fumaça, fumantes compulsivos, ignoram os avisos dos maços de cigarro.
Estou estranhamente tranqüilo e deste vicio não me safo.
Estou numa cidade banhada de mares e de sangue...
É mais um da baixada.
Noites de jogos e de gritos...se não fosse “Dona-doida” lançar-me seu feitiço...
Esta noite seria quase nada.
Partido esta o meu coração, comovido de bobagens.
Sou cativo da linguagem, se solto meu verbo em riso.
Cubro-te de minhas vontades.
Penso!...para os que querem ler ...que leiam
Para os que querem ver...que vejam.
Os meus diversos pensamentos...tomam muito do meu tempo.
E se pensar em doar o meu coração, que a pouco saiu da mesa de operação
Devo antes consumir meu último cigarro.
E contudo, pressuponho, Dona –doida já tem dono...
Mas, posso ama-la embalado pelo irreal do sonho...
Louco sempre fui...
E faço o poema, acalentado pela paixão que em meu corpo flui.
(Continuando...)
E por falar em louco...por onde anda aquele sujeito que virou fumaça?
Assombra agora uma nova praça?. Ou foge da ira de quem o caça?
Não tenho idéias pessimistas, e em breve o revejo, com suas rubras vistas.
De fato tive longas férias de verão...e cá estou, sem saber por que razão,
Á perecer ou merecer, o frio castigo da estação...
Depois do fogo, o gelo a derreter o devaneio.
E nem mesmo o sol atende ao meu apelo.
Enquanto isso o delito é um delírio passageiro.
Que nos percorre por inteiro.
Alivio, tontura e fome, são o que por ora me consomem.
Não quero enumerar as sensações.
Voltei, alcei voou na madrugada, que me abriga, no conforto da noite calada.
Tenho um novo par de asas...sou a sombra dos luais,mas estou atento...
E não mais pereço aos ventos...dos invernos desses litorais.
Louiz de Medheiros.