Ele Acreditou... (Ou Mais uma de Minhas Mentiras)

Oh! Ele acreditou

Acredite-me por um segundo

Pois por muito mais disso

Olhar molhado e fixo

Ondas ressoando

Gelo reluzente

Ele acreditou

Qual valor? Qual sentido?

O empurrar deslize

Abismo beirando o eclipse

Um novo beijo, fim de crise

E mais sentidos se desprendendo

Era a árvore no outono

Eram folhas caindo sobre o seu corpo

E ele parado olhando para um canto

Os restos de comida, engolidos com pressa

Um cão sem dono

Coleira velha e desbotada

Assim como tantos na cidade

Fugindo da luz e velocidade

Sua história desprendeu-se há muito

Sem sentido, sem sentidos, sem razão

Nem tão igual, semelhante ao menos

Eram mais olhares

Ah! Tão séria ela foi

Que performance!

Forte, brava e ainda na pose

Posso? Quem sabe amanhã

A estação findará e com ela

Palavras saem da boca vermelha

Sem pressa, calmamente brotam na língua

O movimento que seduz

O veneno que falta escorrer pelo lábio

E a boca da senhora Judas se aproxima

Os ouvidos tolos

Cansados de tanto mofo

Perfazem caminhos estilos fim de estação

Já te disse?

Somos tão diferentemente parecidos

Oh! E por que acreditou?

A boca de mulher

O vermelho de Judas

A traição mesclada ao veneno

Mal viu? Valoriza o que foi dito?

Sim, senti e com toda a atenção eu li

Espremendo a folha

Desceu o mel venenoso

Fruto obsceno

Das palavras do poeta

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 23/06/2010
Código do texto: T2336948