Devaneio Enleio (Eólica Noturna)

Noite fria que me ilumina

Resvalando ventos límpidos.

Inodoras bênçãos

Que esfriam minha carne.

Doçura oportuna

Tão simples e inválida.

Tamanha graciosa ternura.

Minha inspiração sem precedentes.

Meu diálogo profundo e incompreensível

Com os ventos que banham,

Que atingem inconstantes

Esta bela morada.

Procuro apenas ser

Puro como o vento:

Sincero e espontâneo

Prazer oportuno

Ou desconforto súbito.

Observo o azeviche

Profundo deste belo céu

Sem estrelas, sem nuvens

Como em constante meditação.

E vejo em reflexo

Pedaços simples de vida

Fluindo na escuridão.

Vejo lágrimas e dentes

Em céu composto de emoção.

Vejo miséria e alegria

Dançando em plenitude.

Vejo dor e prazer

Igualando-se no nada.

Vejo tudo em meio

A plenitude do nada.

Pois somente este

Vazio por si só

Poderia ser completo em existência.

Vejo em enleio

Que somos apenas

Uma síntese de sentimentos

Que jamais será plena.

Ironic
Enviado por Ironic em 22/06/2010
Código do texto: T2334295
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