“ O que será...
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita”

[O que Será (À Flor da Pele), Chico Buarque, 1976]



A dor e a delícia de viver
Na força de renascer
A inquietação de existir
Os azuis desse mistério
Escuridão infinita
E penumbra do desconhecido
O que será que é que tem de ser?
Mais que isso, vida, mais, muito mais...
Ou bem menos, talvez menos
Meu destemor diante do tempo
E a indiferença diante da morte
O que será essa pouca poesia
Que me escorre por palavras
De qualquer inevitável pensamento?
E esse olhar de além dos horizontes
Saltando os muros de meus medos
Esse sorrir raios de sol
Em improváveis amanheceres
Esse alentado entardecer
Anunciando só o cair da noite
Com o estrondo de trazer silêncio
Esse silêncio que se apodera de tudo
E esse amor reconhecível em tudo
Um mal para que não se tem remédio
Nem cura possível, e nem receita
Esse mal que é um bem
Contentamento descontente, sim
Ferida que dói e não se sente
Que sentimos querer tanto sentir
E que sentimos mesmo sem querer
O que será?

(Poesia On Line, em 19/06/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/06/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2329487
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.