Ré Confessa
Tere Penhabe

Como os jovens do passado, enamorados
na calada da noite assaltando alambrados
para roubarem flores, de todas as cores
ofertarem depois, a alguém muito amado...

Eu roubo também, o silêncio de alguém
porque para comprá-lo, não tenho vintém
trago a lua com ele, soberba no céu
e a sua beleza, tão clara e vibrante...

Doarei sem culpas, a janela, o barco à vela
a montanha gelada, pois me pareço com ela
tão distante dos corações iluminados
que brilham lá embaixo, no vale de luzes...

Junto com o mar, onde a lua deita seus raios
eu deito meus sonhos perdidos, abandonados
para a oferta que faço, sem segredos passados
caminhando sozinha na rua vazia, tão fria...

Promessas que fiz e que tive, morreram depois
sem forças de viverem, abandonadas por nós dois
essas não vão, ficam comigo num canto da alma
quem sabe como um aviso, um sinal do destino...

Após a oferta do meu ato, roubo tão desavergonhado
cavalgo livre de novo, não há nada, nenhum laço
que me impeça a cavalgada, pelas ondas do mar
rebelde e selvagem, como o animal que vejo passar...

Santos, 27.08.2007_12:00 hs
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