Estradas e Rimas

Uma viagem que nos arrasta por estradas

Desconhecidas e parecidas, irmãs ou primas

Parentas por afinidades, velhas encruzilhadas

Traçados e curvas ao longo das rimas

Velhas bifurcações que os anos não apagam

Quem as atravessam, recordam e afagam-nas.

Os caminhos percorridos pelos carros pesados

Que cravam no leito a marca do desrespeito

Trilhas que amassam o corpo dos pilotos cansados

Rimas e traçados cravados no peito

Saudades que vem e vai ao longo da vida

Quem passa pela velha estrada tem a alma ferida.

As matas do atlântico há muito deixadas

Os cortes, as fraldas, os montes, os gravetos

E os tratores em linha, enfileirados; as enxadas

As lenhas, os caminhões, restos de amuletos

Que fazem o mundo esquecer o que ficou atrás

Que fazem a vida duvidar de viver mais.

Enquanto isso, matas, minérios e minerais

Dão vez ao gado, à horta e às queimadas

São como os traços das rimas ornamentais

Que marcavam e ritmavam compassadas

Mas que hoje são vistas livres e concretas

Sem belezas, mas dignas de linhas retas.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 14/06/2010
Código do texto: T2319214
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