Estradas e Rimas
Uma viagem que nos arrasta por estradas
Desconhecidas e parecidas, irmãs ou primas
Parentas por afinidades, velhas encruzilhadas
Traçados e curvas ao longo das rimas
Velhas bifurcações que os anos não apagam
Quem as atravessam, recordam e afagam-nas.
Os caminhos percorridos pelos carros pesados
Que cravam no leito a marca do desrespeito
Trilhas que amassam o corpo dos pilotos cansados
Rimas e traçados cravados no peito
Saudades que vem e vai ao longo da vida
Quem passa pela velha estrada tem a alma ferida.
As matas do atlântico há muito deixadas
Os cortes, as fraldas, os montes, os gravetos
E os tratores em linha, enfileirados; as enxadas
As lenhas, os caminhões, restos de amuletos
Que fazem o mundo esquecer o que ficou atrás
Que fazem a vida duvidar de viver mais.
Enquanto isso, matas, minérios e minerais
Dão vez ao gado, à horta e às queimadas
São como os traços das rimas ornamentais
Que marcavam e ritmavam compassadas
Mas que hoje são vistas livres e concretas
Sem belezas, mas dignas de linhas retas.