Motor que me move

Motor que me move

A monotonia do motor que me move se mostra a minha música rápida como mula...

A sombra caminha, come, bebe, dorme, levanta, fala, ouve, escreve, lê, olha, escuta, cheira...

A luz que se fez no desfeito brilhou no reflexo da placa colorida, partida, inutilizada...

A antena que pega o sinal da freqüência pirata está desligada, enferrujada...

A voz que canta fraca, reflete a placa que foi há tempo inutilizada, mas não enferrujada.

O rádio está fora do ar, mas ainda respira o ar que vibra de seu alto-falante empoeirado,

Tentei sintonizá-lo, várias vezes, mas a minha estação não tem partida, nem mesmo chegada...

Os ponteiros do relógio passaram, passo a passo, pelo ponto sem ponto, sem tempo...

Nada do que não seja tudo pode ser tão perfeito que nada deixe-o de perceber.

O sol que nasce pela manhã é mais bem querido pelos que querem ser o centro de tudo.

Possui-se mais quando deixa-se possuir, porque mais possui aquele que troca, pois é valorizado.

Nem placa inutilizada, nem antena enferrujada,

Muito menos a rádio fora do ar, por questões óbvias.

Nada movia a monotonia do meu motor, além de eu mesmo.