Como o Nada
Como os passaros pousam leves no chão,
tua lembrança é como andorinhas pousando na minha memória,
e se você pudesse entender como me sinto
as coisas seriam leves assim.
Se você pudesse ver meus olhos
veria-os brilhar como diamantes
e saberia que brilham por sua causa.
As vezes eu observo as árvores
e um dia eu ainda serei uma
para balançar com o vento
e fazer sombra aos andarilhos.
Eu poderia também ser pássaro
eu voaria, eu flutuaria
eu me sentiria bem e apaziguada
como quando tudo ainda era azul e bom.
Eu viajaria com a luz
e faria refletir as cores do teu rosto,
eu iluminaria o teu caminho
e o percorreria dentro do teu coração.
Como viajantes, teu amor foi uma passagem breve
que eu guardo em meu coração desde a primeira vez que se fez
desde a última vez que nos vimos.
Como vento que sopra e vai embora
tua presença foi uma brisa fria e calma
trazendo o que eu sempre quiz,
levando o que eu mais precisava.
Se meus sonhos foram meras ilusões,
se te amando eu sonhava,
o que diriam os poetas e filósofos
sobre esta injúria?
Não foram erros os sorrisos
as lágrimas e os beijos
que senti e tive nesse tempo,
que mais parece um segundo de tão curto.
Não foi ilusão todo o brilho
e os abraços e palavras trocadas,
e a caminhada que percorremos
eu ainda não sei se chegou ao fim.
Tão pouco tempo, tantos feitos, efeitos
tanto tempo passou, passado, lembranças
como o relógio toca as horas,
a minha vida toquei sozinha.
Poderiamos fazer de conta que o vento não sopra mais
e que não precisamos de nada mais do que isso,
eu faria de conta que tudo está certo,
como é certo que amanha será um dia ensolarado.
Mas nada é tão errado quanto o jeito com que nos tratamos
Nem as frases mal ditas, nem os olhares desviados.
Nada é tão estranho quanto nossas vidas remotas.
Não me importa se há dias frios no verão,
ou quentes no inverno.
Tão pouco me importa se algo foi escrito e não lido,
algo lido e não dito,
algo dito e não pensado,
mas me importa o que pensamos existir.