HIPNÓTICO ESTADO PARALÍTICO
É minha insurrecta voz
Quem não busca desenvoltura
Impinge mudez prolixa;
Assume rigidez polar;
Cimenta minha ossatura...
Meu agastado silêncio é
Soberano e raquítico;
Repleto de argumentações;
Gestado sem menções ou mesuras
Num hipnótico estado paralítico
Promete dissolver-se à míngua
A pregar-se por meu semblante,
Na froixura dos músculos labiais,
Na insinuante molúria da língua,
No tresloucado queixo errante
Ao fim, ganha exultante estatura
Com ares de "nouvelle vague"...
Olhar lancinante de lince
Que de meu inquebrantável fitar parte
Para calar qualquer duvidosa frase...
Minha supressão vaza pelos canos
Resolve-se num hímen convicto
Ao epicentro de uma quietude mecânica
Que condena as aflitivas lamúrias
A penosos e improferíveis veredictos...
Ao tórax um inerte balanço modula
As seguidas e inexistentes vagas
De meu pacato oceano silente...
Meu ser bem obediente estimula
A minha insípida e eremita saga