por todos esses anos

deparo-me com o momento

em que não existe utopia

a prodigalidade do futuro

tem a espessura do vento

me alimento todo dia

isso chega a ser mundano

só os anos têm altura

e alvura nas suas peles

quanto mais a gente dura,

mas a gente se enrijece

e padece de amargura

a solidão nos esquece

nuvem seca, seca o sono

o abandono empalidece

na tomada acesso a luz

e o coração escurece

o outono é a esperança

que com o verde se foi

mas ainda há o sorriso

que reservo pra você

dele eu já não preciso,

mas preciso te dizer

que no rosto da criança

há uma luz de intenso brilho

reconhecê-lo é fatal

mas se sou tão natural

como a Intenção que me fez,

quem me levar desse mundo

não deixará viuvez,

só o desejo profundo

de que eu não seja a tormenta

de que você se alimenta

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 27/05/2010
Código do texto: T2282324
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.