por todos esses anos
deparo-me com o momento
em que não existe utopia
a prodigalidade do futuro
tem a espessura do vento
me alimento todo dia
isso chega a ser mundano
só os anos têm altura
e alvura nas suas peles
quanto mais a gente dura,
mas a gente se enrijece
e padece de amargura
a solidão nos esquece
nuvem seca, seca o sono
o abandono empalidece
na tomada acesso a luz
e o coração escurece
o outono é a esperança
que com o verde se foi
mas ainda há o sorriso
que reservo pra você
dele eu já não preciso,
mas preciso te dizer
que no rosto da criança
há uma luz de intenso brilho
reconhecê-lo é fatal
mas se sou tão natural
como a Intenção que me fez,
quem me levar desse mundo
não deixará viuvez,
só o desejo profundo
de que eu não seja a tormenta
de que você se alimenta